Glaucoma: tudo o que você precisa saber.

Glaucoma: tudo o que você precisa saber.

Glaucoma é uma doença ocular causada principalmente pela elevação da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento visual. Se não for tratado adequadamente, pode levar à cegueira.

 Segundo a organização mundial de saúde, é a segunda maior causa de cegueira no mundo, ficando atrás somente da catarata.

No Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas são portadoras desta doença , que atinge o nervo óptico , com lesões que evoluem devagar,na maioria das vezes de forma assintomática e irreversível

A grande maioria da população desconhece a doença e suas consequências. Fora o desconhecimento, existe outra dificuldade na hora de encarar o problema: ele não apresenta nenhum sintoma na fase inicial. Portanto, a única maneira de evitar suas consequências devastadoras é realização de exames oftalmológicos de rotina, pois quando se nota no dia a dia alguma alteração na visão, costuma ser tarde demais

Existem diferentes tipos de glaucoma, que variam principalmente em função da causa e da gravidade da doença, são eles:

  • Glaucoma primário de ângulo aberto:é responsável por quase 90% de todos os casos de glaucoma e é frequentemente assintomático, de modo que os sintomas não são detectados até um estágio avançado, a menos que o paciente visite o oftalmologista com regularidade.  A perda da visão começa na periferia do campo visual e, se não for tratada, acaba por se estender por todo o campo visual, levando à cegueira.
  • Glaucoma de pressão normal: é uma forma da doença em que ocorre dano ao nervo óptico, sem elevação da pressão intraocular a níveis superiores do considerado normal. As causas deste tipo de glaucoma ainda são desconhecidas, porém, entre os que apresentam maior risco para esta forma de glaucoma, estão: pessoas com história familiar de glaucoma de pressão normal, pessoas de descendência japonesa e pessoas com história de doença cardiovascular.  
  • Glaucoma de ângulo fechado:Neste tipo de glaucoma, o ângulo entre a íris e a córnea é mais estreito do que o normal, dificultando a drenagem do líquido intraocular, causando aumento súbito da pressão  do olho. Os sintomas de glaucoma de ângulo fechado podem incluir dores de cabeça, dor nos olhos, náuseas, arco-íris em torno de luzes à noite e visão muito turva, de aparição intermitente. Este paciente esta mais suscetível a ter uma crise aguda de Glaucoma , que é um aumento súbito da pressão intra ocular associado a dor e diminuição da visão . É uma urgência medica que quando não tratada de forma rápida e adequada pode levar a cegueira
  • Glaucoma congênito:ocorre em bebês e crianças pequenas e geralmente é diagnosticado dentro do primeiro ano de vida. Esta é uma condição rara que pode ser herdada ou causada pelo desenvolvimento incorreto do sistema de drenagem do olho antes do nascimento
  • Glaucoma secundário:refere-se a qualquer caso de glaucoma em que outra doença causa ou contribui para aumento da pressão intraocular. Pode ocorrer como resultado de trauma ocular, inflamação, tumor, uso de medicamentos oculares ou sistêmicos, ou em casos avançados de catarata ou diabetes. Os medicamentos  mais frequentemente associados são os que contém corticoides em sua fórmula .

 

De uma forma geral , alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento de glaucoma. Confira:

  • Pressão intraocular elevada
  • Idade acima dos 60 anos ou acima dos 40 anos, para o caso de glaucoma agudo
  • Afro americanos são mais propensos a desenvolver glaucoma do que pessoas caucasianas, principalmente os acima dos 40 anos de idade
  • Histórico familiar de glaucoma pode elevar as chances de um indivíduo desenvolver a doença também
  • Doenças no olho, como alguns tumores, descolamento de retina e inflamações, aumentam o risco de glaucoma
  • Fazer uso por muito tempo de medicamentos à base de corticosteroides
  • Diabetes
  • Hipertensao arterial sistêmica e problemas cardiovasculares

 

O exame anual é recomendado para pessoas que têm maior risco de desenvolver o glaucoma e, dependendo da condição (presença de fatores de risco ou sintomas), pode haver necessidade de exames ainda mais frequentes.

Por ser uma doença crônica e sem cura, o diagnóstico do glaucoma e seu tratamento precoce são fundamentais para minimizar as possíveis complicações da doença, como a perda parcial da visão ou até cegueira irreversível

O diagnóstico de glaucoma só pode ser realizado após um exame oftalmológico cuidadoso, no qual estão incluídos anamnese do paciente (entrevista com o paciente para buscar detalhes e o histórico de sua saúde) e avaliação da pressão intraocular, bem como a avaliação  do nervo óptico e da camada de fibras nervosas da retina. 

Entre os exames utilizados para a confirmação do diagnóstico do glaucoma , destaco :

  • Oftalmoscopia ou exame de fundo de olho: é realizada para avaliar se existem lesões no nervo óptico que possam ter sido causadas por glaucoma.
  • Teste de acuidade visual:verifica a qualidade da visão do paciente em diversas distâncias de leitura (longe e perto).
  • Campo visual :identifica se há perda de campo visual.
  • Tonometria:mede a pressão intraocular. Existem diferentes técnicas, mas as mais usadas são a de contato (tonometria de Goldmann) e a de não-contato (tonometria de sopro).
  • Paquimetria:mede a espessura da córnea
  • Gonioscopia:é um dos exames utilizados para a classificação do tipo de glaucoma. Através deste exame, é possível  classificar o tipo de glaucoma.
  • Outros exames:exames complementares podem ser solicitados para a confirmação do diagnóstico de glaucoma. Entre eles estão a tomografia de coerência óptica (OCT), teste de sobrecarga hídrica (TSH) entre outros

 

Tratamento

O glaucoma não pode ser curado, mas pode ser controlado se diagnosticado e tratado em seu estágio inicial. O tratamento do glaucoma inclui o uso de medicamentos, cirurgia ou uma combinação destes métodos.Embora estes tratamentos possam prevenir a perda irreversível da visão, eles não revertem os danos já causados pelo glaucoma. Por isso, o diagnóstico e o tratamento do glaucoma devem ser precoces.

Segundo o Consenso da Sociedade Brasileira de Glaucoma, o tratamento inicial para o glaucoma deve ser, sempre que possível, o uso de medicamentos, sob a forma de colírios. Este tratamento tem como objetivo principal estabilizar a doeçca por meio da redução da pressão intraocular.

O tratamento de redução da pressão intraocular visa estabelecer um nível “seguro” de pressão que evite progressão dos danos causados pelo glaucoma e é chamada de pressão alvo. A determinação da pressão alvo realizada pelo médico deve ser individualizada para cada paciente e deve levar em conta fatores como: gravidade do glaucoma, idade do paciente, história familiar e raça.

Durante o tratamento do glaucoma, é crucial fazer uso da medicação regularmente, conforme prescrito pelo oftalmologista, para prevenir futuros danos à visão. Como o glaucoma geralmente não apresenta sintomas, algumas pessoas param ou esquecem de aplicar o colírio , e essa é hoje, a principal causa de fracasso no tratamento.

 

Cirurgia para o glaucoma

Quando os medicamentos não alcançam os resultados desejados, ou têm efeitos colaterais intoleráveis, o oftalmologista pode indicar a cirurgia ou procedimentos a laser . São eles:

Trabeculoplastia

A Trabeculoplastia é uma técnica não invasiva, frequentemente utilizada para tratar glaucoma de ângulo aberto. Com o uso do laser, a Trabeculoplastia pode ser realizada em um consultório médico, leva entre 10 a 15 minutos, é indolor e comumente apresenta menos efeitos colaterais que os demais procedimentos cirúrgicos.

 

Iridotomia periférica a laser (LPI)

Esta técnica é comumente utilizada no tratamento para glaucoma de ângulo fechado. Neste procedimento, o laser é usado para fazer uma abertura através da íris, permitindo que o humor aquoso flua diretamente para a câmara anterior do olho.

 

Trabeculectomia

A outra técnica, conhecida como Trabeculectomia se trata de uma cirurgia convencional e comumente é utilizada quando a Trabeculoplastia e o uso de medicamentos não trouxeram os resultados esperados. É usada tanto no tratamento de glaucoma de ângulo aberto quanto no tratamento de glaucoma de ângulo fechado. Neste procedimento, o cirurgião cria uma passagem na esclera (a parte branca do olho) para drenar o humor aquoso, com a finalidade de diminuir a pressão intraocular.

 

MIGS – cirurgia minimamente invasiva para glaucoma 

Realizada no mesmo momento da cirurgia de catarata ou como um procedimento isolado, consiste na colocação de um stent (iStent®) tem comprovada eficácia na redução da pressão intraocular, com um excelente perfil de segurança, poucas complicações e menor tempo de recuperação. Pode ser realizado, somente em paciente com glaucoma de ângulo aberto(clique aqui).  

 

Como vocês podem observar, existe hoje um arsenal de remédios e intervenções cirúrgicas, que visam frear e controlar o glaucoma, porém quando se pensa na doença, a palavra chave é prevenção: visitar regularmente o oftalmologista é a forma mais segura e eficaz de manter sua visão saudável.